MINISTRA SUSPENDE GUARDAS PRISIONAIS SUSPEITOS DE TRÁFEGO DE DROGA NAS PRISÕES

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) disse hoje concordar “na integra” com a ministra da Justiça relativamente à suspensão e abertura de processos disciplinares a guardas que sejam constituídos arguidos por crimes.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do SNCGP, Frederico Morais subscreveu “em absoluto” as declarações da ministra Rita Alarcão Júdice que os guardas prisionais que sejam constituídos arguidos no âmbito da operação policial de hoje em várias prisões, por suspeitas de facilitarem a entrada de droga, vão ser suspensos de funções e alvo de processos disciplinares.

Frederico Morais disse que o sindicato “vai ainda mais longe” relativamente a esta questão, defendendo que os guardas prisionais constituídos arguidos por crimes cometidos no desempenho da profissão devem ser alvo de processos disciplinares e suspensos de funções até ao trânsito em julgado do processo (final do processo judicial).

A Polícia Judiciária (PJ) desmantelou hoje um laboratório clandestino de produção de drogas que funcionava num apartamento em Lisboa, no decurso de uma operação que visou várias cadeias e que levou à detenção de 13 pessoas, das quais dois guardas prisionais suspeitos de introduzirem droga nas prisões.

Fonte da PJ disse à Lusa que o apartamento funcionava exclusivamente como laboratório.

Em causa na operação denominada “Mercado Negro” estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de drogas, tráfico de substâncias e métodos proibidos, falsificação de documentos e branqueamento, e as buscas visaram os estabelecimentos prisionais de Lisboa, Alcoentre, Carregueira, Sintra e Funchal (Madeira).

Em declarações aos jornalistas em Évora, a ministra da Justiça elogiou a operação da Polícia Judiciária, considerando que foi “uma intervenção muito importante”, e anunciou que os guardas prisionais vão ser suspensos e alvo de processos disciplinares.

“Se a droga é um flagelo, nas prisões é inaceitável. Estamos mesmo comprometidos e muito satisfeitos de ver a ação da PJ”, afirmou, após a inauguração da ampliação do edifício da Unidade Local de Investigação Criminal (ULIC) desta polícia, em Évora.

A governante revelou ter a garantia da parte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) de que “todos os visados que sejam constituídos arguidos serão imediatamente suspensos e objeto de um processo disciplinar”.

“A droga nas cadeias é um tema que tem estado em cima da mesa e todos os dias lutamos contra essa realidade”, assumiu.

Rita Alarcão Júdice disse que não confunde os guardas prisionais visados na operação com o Corpo da Guarda Prisional, mas admitiu que, a existirem elementos entre os suspeitos, “não é algo que deixe a ministra da Justiça orgulhosa”.

Fonte: Jornal "As Notícias"